um martelo para thor

Por volta dos meus 5 anos, não tenho muita certeza do ano certo, morava eu em Porto Velho e lembro do presente de natal mais legal que ganhei até hoje. Era um Snoopy de pelúcia, fabricado pela Estrela. Meus pais, para fazerem o gosto da filha caçula, mandaram buscar o mimo no Rio de Janeiro.
Carrego este presente até hoje, sempre dormindo comigo na cama. O aconchego é tanto entre mim e ele que até na minha lua de mel ele me acompanhou. E é assim sempre que viajo. Para onde eu vou ele está comigo, seguro em minhas mãos. Se um dia você olhar uma mulher com um Snoopy encardido nas mãos, não tenha dúvidas: é Gisele e seu amigo inseparável.
É curioso como nos apegamos tanto às coisas sem uma razão evidente. Tive vários outros bichos de pelúcia, outros snoopies até, mas nunca troquei aquele presente de natal por nenhum outro.
Meu filho Arthur, hoje com 8 meses, já tem seu brinquedo favorito. Não sei até quando será, mas é divertido ver o seu apego àquele martelinho azul e amarelo de borracha que também é um chocalho. Presente da prima dele, quando ganhou nem deu muita importância (diferente de mim que fiz a maior festa com o meu Snoopy), mas com o passar do tempo, em meio a tantos brinquedos, foi ao martelo que ele se apegou. E não adianta tentar entretê-lo com outra coisa. Ele pode até dar atenção a outro brinquedo, mas sempre com o martelinho seguro em uma das mãos. E se a gente tenta arrancar-lhe o objeto, é zanga na certa.
Desde então chamamos Arthur de “Arthor”, nosso deus nórdico dos trovoes, o mais forte entre os deuses e os homens. E sabemos que quando o martelo chacoalha nosso deus quer atenção, ordem que é atendida de imediato, pois não há quem queira ver um deus irritado. Irritação, que, aliás, ultimamente tem sido mais constante. É que nosso deus está com os dentinhos nascendo e sua arma mais eficaz contra o desconforto é seu martelinho, que não destrói crânios, mas alivia a coceira da gengiva.