sexta-feira, novembro 25, 2005

Lucy in the Sky with Diamonds

levo a vida
sossegada como dente de leão solto ao vento
duvido você me alcançar

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quarta-feira, novembro 23, 2005

... tem pó
no chão da casa. é o
tempo
que passou...

segunda-feira, novembro 21, 2005

azular

Nascer é uma alegria que dói (Eduardo Galeano)


já era hora de vc chegar
porque as paredes da casa estravamn limpas demais
porque a vida a dois pedia uma infância há muito perdida
porque o ventre fazia ecos
e o umbigo queria ter ligações
porque a vontade pedia para ser perpetuada
e vida queria seguir o seu destino
de multiplicações...
(minha sobrinha chegou. o mundo hoje azulou!!!!!!!)

sexta-feira, novembro 18, 2005

as linhas da palma da tua mão esquerda
dizem assim, meio que com tremores de um dia enfadado
dizem assim, com calos amarelados que arranham as minhas costas
elas dizem o desejo do corpo magro
bucólico e suave
trêmulo e suado

a porta trancada
uma toalha vermelha na maçaneta da porta
pelo lado de fora
as linhas da palma da tua mão esquerda
dizem assim...

quinta-feira, novembro 17, 2005

pânico nas ruas

Momentos de greve, confusão
Muitos carros e poucos virão

Tenho sido encontrada
E só eu não me encontro...

terça-feira, novembro 01, 2005

eu não saio limpo do limbo
eu - nimbo - derramo lágrimas
que orvalham nos teus cabelos que teimam em queimar de sol

segunda-feira, outubro 31, 2005

terça-feira, outubro 25, 2005

Para Mariele*

Mãos na barriga da mãe natureza
Grande umbigo
O alimento do mundo no mundo da (o) pequena (o) mar
- e ele
Sem saber de onde vem a força
Que aperta com dedos tão finos
A emoção da vida.
*minha mais nova sobrinha linda que chegará em novembro

segunda-feira, outubro 24, 2005

teu rastro
você deixou nas ceras da borracha,
no papel manchado

o amassado é a cólera
pulsante diante das fotografias de maio
[nem uma tesoura poderia recortar tantas recordações]

no papel amassado
uma poesia que seria
sereia-flor de menina encantada

quarta-feira, outubro 19, 2005

era por meio das frestas que se podia ouvir as lufadas do vento
ela dizia coisas sem sentido
e ele a compreendia
era por meio das festas que se podiam deixar encontrar no momento
ela de roxo, longo
ele, fraque
tão fraco
a deixou escapar

terça-feira, outubro 18, 2005

porta-casa-vazia
morta-asa-azia
língua de borboleta que se dobra à roseira
um ninho
tão bonitinho...
passarinho
folhas da planta na varanda molhada
reluz arco-íris
são pingos da chuva de outubro, não outono.

sexta-feira, outubro 14, 2005

como se com aquele último suspiro pudesse desdizer o que nem havia sido dito
[bendito bandido]
nenhum sentido a mais do que realmente fosse necessário
um olhar opaco, desfocado
uma coisa era certa:
não haveria mais soneto, sonatas, sons...

segunda-feira, outubro 10, 2005

coisas que precisam ser ouvidas vez em quando
O sol da noite agora está nascendo
Alguma coisa está acontecendo
Não dá no rádio nem está
Nas bancas de jornais
Em cada dia ou qualquer lugar
Um larga a fábrica, outro sai do lar
E até as mulheres, ditas escravas,
Já não querem servir mais
Ao som da flauta
Da mãe serpente
No para-inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

O vento voa e varre as velhas ruas
Capim silvestre racha as pedras nuas
Encobre asfaltos que guardavam
Hitórias terríveis
Já não há mais culpado nem inocente
Cada pessoa ou coisa é diferente
Já que assim, baseado em que
Você pune quem não é você?

Ao som da flauta
Da mão serpente
No para-inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

Querer o meu
Não é roubar o seu
Pois o que eu quero
É só função de eu

Sociedade alternativa
Sociedade novo aeon
É um sapato em cada pé
É direito de ser ateu ou de ter fé
Ter prato entupido de comida que você mais gosta
É ser carregado, ou carregar gente nas costas
Direito de ter riso e de prazer
E até direito de deixar
Jesus Sofrer

(Novo Aeon - Raul Seixas, Cláudio Roberto, Marcelo Mota)

quinta-feira, outubro 06, 2005

lua crescente (ou um risco que pintou o céu)

Marília não entendia
por que com tanta agonia
o céu ainda assim sorria...
como que podia???

segunda-feira, outubro 03, 2005

habeas corpus

eu bem te quis, um dia, à soleira da minha porta
e quando em casulos empoeirados
pedia sempre que voltasse
[como se sussurros voltados para o alto
fossem truques de magia]
teu regresso
[mais do que apreço]
era neblina suja

sim,
eu te concedo salvo conduto
se me prometer
meu alvará de soltura

quarta-feira, setembro 28, 2005

bailam no ar
três pontinhos
doidos para ser reticências
. .
.
três pontinhos
sem sincronia
sem sintonia
. .
.
três pontinhos que só existem sozinhos
ponto final.

terça-feira, setembro 27, 2005

segunda-feira, setembro 26, 2005

eu nego todo e qualquer fio de cabelo
encaracolado e queimado de sol
salivado por tua língua que sobe e desce
[maré alta ou maré baixa?]
/
vontade de deixar a própria vontade ser a fome
matar a sede com sal
colecionar conchas que fazem cores no pescoço
um dia para se sujar de areia.

quinta-feira, setembro 22, 2005

não há provérbio que te defina
que me ensine até que ponto eu possa ir
nenhuma canção tem melodia o bastante
que te retrate nos refrões
há algo de indizível nos verbos que conjugas quando estás sóbrio

que história esconde o teu sorriso?

terça-feira, setembro 20, 2005

reconheço um resto de remorso ainda em mim
por erros de vidas passadas

ainda espero respostas que nem sei se virão
disfarçados de big-ben ou maçã
então figuro em quadros barrocos
[às vezes em Bosch]
sem molduras que sustentem a verdade
vendidos em leilões
aos culpados por toda a eternidade