sexta-feira, janeiro 27, 2006

o que o alimentava
era o hálito de luxúria que da sua boca exalava
nem cálice de vinho
nem absinto
nem licor o deixavam mais embriagado
do que aquele hálito
o perfume de sexo
derramado em cima da cama

terça-feira, janeiro 24, 2006

a distância é sempre a mesma
mas ir parece ser mais custoso do que a volta

o retorno [eterno de Nietzsche] apressa o tempo

e no verão com seu horário
ganho uma hora a mais contigo

sexta-feira, janeiro 13, 2006

daqui
onde o mar vira artérias da ilha
eu vejo algodões densos

uns em forma de urso
outros em forma de rinoceronte

eu perto do sol
eu nuvem
em forma de saudade

quinta-feira, janeiro 12, 2006

língua afiada
ternura nos olhos
é reuben
com calos de escritor

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Ledusha

ERRATA

onde lia-se desejo
leia-se despejo

não quero mais
essa vertigem de vogais
-tantos ais-
como se fossem consoantes

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SOPRO

estalo a língua ao sabor do vento
o verbo lambe os lábios
de canto a canto
sinto estremecer desordenadamente
o verso

poemas de Ledusha, do livro Finesse e fissura
reflexos nas ruas revelam o choro da noite
o dia tb chora
choram cabelos, sapatos,
choram dedos, narizes, árvores
choram sombrinhas que lutam por um espaço na Rua Grande...

segunda-feira, janeiro 09, 2006

tua gargalhada
cospe notas musicais
que se misturam às estrelas
do céu da minha boca

sábado, janeiro 07, 2006

tem link novo ao lado. o primeirinho...

sexta-feira, janeiro 06, 2006

se erro
[e sei que erro]
não é porque sou o pior dos seres humanos

é essa maldita insegurança
[e absurda]
que me transforma em silhueta soturna

terça-feira, janeiro 03, 2006

há recordações em teus olhos
que nem o castanho deles esconde
[eu poderia ler tua íris]


o tremor das pálpebras
no instante em que sonhas
traz o silêncio onírico

um balançar de cabelos num dia molhado de sol

segunda-feira, janeiro 02, 2006

a mão no bolso
o vazio

meus amigos caem do meu bolso furado
e a rua ganha ladrilhos de carne e osso.