segunda-feira, outubro 31, 2005

terça-feira, outubro 25, 2005

Para Mariele*

Mãos na barriga da mãe natureza
Grande umbigo
O alimento do mundo no mundo da (o) pequena (o) mar
- e ele
Sem saber de onde vem a força
Que aperta com dedos tão finos
A emoção da vida.
*minha mais nova sobrinha linda que chegará em novembro

segunda-feira, outubro 24, 2005

teu rastro
você deixou nas ceras da borracha,
no papel manchado

o amassado é a cólera
pulsante diante das fotografias de maio
[nem uma tesoura poderia recortar tantas recordações]

no papel amassado
uma poesia que seria
sereia-flor de menina encantada

quarta-feira, outubro 19, 2005

era por meio das frestas que se podia ouvir as lufadas do vento
ela dizia coisas sem sentido
e ele a compreendia
era por meio das festas que se podiam deixar encontrar no momento
ela de roxo, longo
ele, fraque
tão fraco
a deixou escapar

terça-feira, outubro 18, 2005

porta-casa-vazia
morta-asa-azia
língua de borboleta que se dobra à roseira
um ninho
tão bonitinho...
passarinho
folhas da planta na varanda molhada
reluz arco-íris
são pingos da chuva de outubro, não outono.

sexta-feira, outubro 14, 2005

como se com aquele último suspiro pudesse desdizer o que nem havia sido dito
[bendito bandido]
nenhum sentido a mais do que realmente fosse necessário
um olhar opaco, desfocado
uma coisa era certa:
não haveria mais soneto, sonatas, sons...

segunda-feira, outubro 10, 2005

coisas que precisam ser ouvidas vez em quando
O sol da noite agora está nascendo
Alguma coisa está acontecendo
Não dá no rádio nem está
Nas bancas de jornais
Em cada dia ou qualquer lugar
Um larga a fábrica, outro sai do lar
E até as mulheres, ditas escravas,
Já não querem servir mais
Ao som da flauta
Da mãe serpente
No para-inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

O vento voa e varre as velhas ruas
Capim silvestre racha as pedras nuas
Encobre asfaltos que guardavam
Hitórias terríveis
Já não há mais culpado nem inocente
Cada pessoa ou coisa é diferente
Já que assim, baseado em que
Você pune quem não é você?

Ao som da flauta
Da mão serpente
No para-inferno
De Adão na gente
Dança o bebê
Uma dança bem diferente

Querer o meu
Não é roubar o seu
Pois o que eu quero
É só função de eu

Sociedade alternativa
Sociedade novo aeon
É um sapato em cada pé
É direito de ser ateu ou de ter fé
Ter prato entupido de comida que você mais gosta
É ser carregado, ou carregar gente nas costas
Direito de ter riso e de prazer
E até direito de deixar
Jesus Sofrer

(Novo Aeon - Raul Seixas, Cláudio Roberto, Marcelo Mota)

quinta-feira, outubro 06, 2005

lua crescente (ou um risco que pintou o céu)

Marília não entendia
por que com tanta agonia
o céu ainda assim sorria...
como que podia???

segunda-feira, outubro 03, 2005

habeas corpus

eu bem te quis, um dia, à soleira da minha porta
e quando em casulos empoeirados
pedia sempre que voltasse
[como se sussurros voltados para o alto
fossem truques de magia]
teu regresso
[mais do que apreço]
era neblina suja

sim,
eu te concedo salvo conduto
se me prometer
meu alvará de soltura